segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A LITERATURA DE CORDEL DE JOÃOZINHO DE NÉ TONHO


Um registro histórico da Historia Memória de Porteiras.




         João Miranda, agricultor, aposentado, 71 anos, nasceu em 27 de dezembro de 1940, na região serrana, sopé da chapada do Araripe, no município de Porteiras, residente à Avenida Mª Gonçalves Dantas, em frente a Praça da Liberdade. Homem simples, fiel as suas origens, que se dedicou a escrever versos desde os 22 anos de idade.
         Por retratar as experiências do sertanejo, o imaginário e o cotidiano e, sobretudo por valorizar as lembranças do tempo vivido e da memória dos cearenses, principalmente dos porteirenses, referentes ao sec. XX, suas obras literárias acabaram caindo no gosto popular e hoje, quando esse, demora algum tempo para lançar um novo cordel, é cobrado pelo povo que diz: Oh! Seu Joãozinho, cadê o versinho desse ano? Escreve ai pra gente. Nós já estamos com saudades.
         É que as obras de seu Joãozinho destacam aquilo que vai de encontro ao povo: relações familiares, as brincadeiras coletivas da infância, antes tão valorizadas, as tradições religiosas, os acontecimentos memoráveis e as estórias populares, que são relatos fortes da memória dos filhos da terra que já se foram mais que vale apena serem lembradas, pois fazer parte da nossa historia. Suas obras são verdadeiras fontes de reflexão poéticas que nos fazem situar no nosso tempo histórico e analisar o vinculo de pertencimento e os laços indenitários existentes entre o homem passado e o homem presente. Eis a ração de buscarmos trazer suas obras para o universo escolar, pois elas são ricas em conteúdos filosóficos, históricos, geográficos e sociais do nosso universo porteirense.
         Muitas são as obras de seu Joãozinho, mas, não do GEAC (Grupo de Estudo do Aristarco Cardoso), resolvemos mostrar essa:

Meu pé de serra

Nunca me sai da lembrança
Os meus tempos de crianças
Lá no meu pé de serra
Sitio saco em porteiras
Não esqueço as brincadeiras
Da infância em minha terra.

Saia a meninada
Por aquelas matas fechadas
De baladeira e de besta
Contava historias de trancoso
Daquele tempo gostoso
Só recordações me resta

Era tanta brincadeira
De galamarte, da bicheira
De cavalo de pau e de boi
Pegava passarinho de gaiola
No terreiro jogava bola
Ah! Tempo bom que se foi.

(MIRANDA, 1988, p.6)

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