segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Porteiras e o Cangaço

Imagens que revelam o passado de bravura e coragem


            Imagem da casa do senhor Francisco Pereira de Lucena, no Sítio Guaribas, local onde ocorreu a tragédia das Guaribas ou Fogo das Guaribas em 1° de Fevereiro de 1927, no qual o bravo coronel Chico Chicote e seus homens enfrentaram a força policial de Pernambuco e Ceará, comandada pelo tenente José Gonçalves Bezerra que vieram na investida de prender e desarmar o coronel, por achar que o mesmo era coiteiro de Lampião. Após ter resistido durante 32 horas, já cansado e sem munição, Chico Chicote foi atingido no tórax por balas de rifle e faleceu no local. Ao todo foram encontrados nas Guaribas 27 corpos. Do lado de Chico Chicote morreu ele e um de seus cabras, Manoel Caipora.
            Hoje, no lugar dessa casa que conta fatos da nossa história existem apenas os escombros que aos poucos estão sendo cobertos pela poeira do tempo. Mas, as marcas de balas ainda estão lá, presentes nos troncos dos coqueiros para testemunhar o fato. A história está na memória dos porteirenses, nos livros e nos panfletos escritos do município. Vendo agora as imagens reveladoras daquilo que resta deste fato, nos damos conta da importância de se preservar fotos, fatos e objetos que contam a nossa história. 




Casa de Chico Chicote
Localização: Sítio Guaribas
Distância: a 8 km da sede
Fonte: Acervo do REMOP


Foto de um álbum de família – Documento comprobatório do Fogo das Guaribas

UM RELATO DA HISTÓRIA/MEMÓRIA



            De pé, à direita da foto, ao lado de sua família encontra-se o pai, o senhor Luiz José de Lima, pernambucano de Triunfo, nascido em 11 de Agosto de 1910 – já falecido, pai da senhora Maria Alacoque de Lima, avô da aluna Vanderléia de Lima do 3° ano “D”, residente no Sítio Catolé de nosso município.
            Aqui, quem nos conta a história é a senhora Alacoque que fora entrevistada por sua filha Vanderléia.
            “Minha mãe falou-me que este senhor, o meu avô, destacou-se como policial durante anos no Pernambuco, inclusive, combateu contra o bando de Lampião. O mesmo, ao ser atingido por uma bala de rifle no ombro esquerdo, teve que afastar-se da polícia. Anos depois, apaixonou-se por uma jovem e, vendo que seus pais não concordavam fugiu com ela e veio procurar abrigo em Porteiras, no início de fevereiro de 1927. Segundo minha mãe, no caminho o meu avô e sua amada encontraram a força policial, qual tinha deixado para trás a Tragédia das Guaribas, no sopé da Serra de Porteiras. São palavras de D. Alacoque, minha mãe:
“Sabe, meu pai contava que segurava nas mãos o rifle papo amarelo por ele denominado que pertencia à Chico Chicote e que o comandante do grupo ia conduzindo como troféu.”

            Minha mãe, ainda conserva tudo o que foi do meu avô: a casa de taipa, a sela com os arreios, o baú, os barcos de madeira, os portes de barro, etc”. O meu avô faleceu em 1993, mas a D. Alacoque está aqui ao meu lado, no Sítio Catolé, pronta para contar essa história a quem desejar.”

Por: Vanderléia “3° ano D”


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Casa da Memória de Porteiras – Universo real da nossa história

            O que caracteriza a história de um povo são fatos, acontecimentos, frutos das ações do cotidiano dos indivíduos em um determinado tempo. Daí se dizer que não existe lugar sem história, há menos que nunca tenha sido habitado. Mas a história de um povo precisa ser registrada em livros e arquivos para que possam transpor as barreiras do tempo e, assim ser conhecida por todas as gerações, porque o tempo passa e com ele passam as pessoas. E o que fica de cada passagem de uma pessoa na terra? Ficam as lembranças (memórias) de um tempo vivido e que se escrito passa a construir a história, mas se cai no abandono, vira pó e é apagado pela poeira do tempo. Se a história é feita por seus agentes em cada época, nos lugares por elas habitados, onde não há registros escritos é viável recorrer à memória de um povo, para se resgatar a sua história.
            É nesse universo de contribuir para respeitar a história de Porteiras, quando quase não havia registros escritos que um grupo de jovens estudantes, filhos de Porteiras embarcam numa viagem de coleta de objetos, entrevistas, fotos, documentos, etc., que retratassem a memória de seu povo, sua gente, surgiu o REMOP (Retratores da Memória de Porteiras). O referido grupo com as fontes coletas, passam a alimentar o sonho de encontrar um lugar para ser a referencia desses acervos e passam a trabalhar por esse sonho, que com o apoio do governo municipal, torna-se realidade. Surge daí a Casa da Memória, espaço de nossas memórias que existi a nossa historia (ver Santos Joaquim – passado alumiado, p.), toda a historia do Grupo REMOP e da Casa da Memória.
            Inaugurada em 21 de Setembro de 2007, a Casa da Memória de Porteiras é um museu comunitário a serviço da comunidade porteirense que desde a sua fundação vem contribuindo para o desenvolvimento de pesquisas diversas tanto da clientela estudantil de Porteiras, como das Universidades do Cariri. Para mim, esta casa que ai está é um patrimônio histórico de grande valor cultural e que deve ser visitada, preservada e valorizada por toda comunidade porteirense, sem ela, nossa historia estaria incompleta. Parabéns ao REMOP, símbolo de luta no resgate de suas historia e preservação da memória porteirense.

Por: Janiele Nogueira, 3º Ano D  
            

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Casa de Farinha da Malhada Redonda


Casa de Farinha da Malhada Redonda
A fonte de renda que virou tradição


         Há mais de 80 anos que esta casa de farinha existe no Sítio Malhada Redonda, lá em cima da Chapada do Araripe. Pertencente à família Agostinho e que vem passando de pai para filhos, o trabalho incessante de transformar a mandioca em farinha, goma, tapioca e beiju. Nós, alunos do Aristarco Cardoso estivemos lá e ficamos encantados com o depoimento e a simulação de uma farinhada feita pelo senhor Luiz Agostinho dos Santos, 63 anos, conhecido como Dó Maria que nos falou:

“Ói aqui meninos, esta é uma tradição que passou de meu pai para eu e de eu para meus fios, que hoje tomam conta da produção e da comercialização da farinha que abastece o comércio de Porteiras e das cidades vizinhas. É daqui que nós tiramos a fonte de renda pro mode nós sobreviver.”

            Após essas palavras, o senhor Dó Maria, colheu umas raízes de mandioca nos arredores e fez uma simulação de uma farinhada, onde nós tivemos a oportunidade de colocar as mãos na massa e observar todo o processo de fabricação da farinha. Pelo que vimos, tudo é feito artesanalmente, pois o que tem de tecnologia é apenas um motor que é ligado à energia para moer a mandioca. O resto é tudo de madeira e alvenaria e todo o trabalho é feito pela mão humana.
            O Seu Dó Maria também nos falou que atualmente, costuma-se produzir em uma noitada 40 sacas de farinha e que cada saca é vendida à R$ 60,00. Ainda disse que é um trabalho que reúne toda a família e amigos e é muito animado. As mulheres e crianças raspam a mandioca numa alegria só, cantam Luiz Gonzaga e modas de côco, que segundo ele dá vontade de dançar e o cansaço não chega.
            Essa experiência nos trouxe um grande aprendizado de que as casas de farinha não são só fatores importantes da história/memória de Porteiras, mas também fonte de sustentabilidade de muitas famílias que até hoje trazem consigo  uma tradição e que passam uns aos outros, de geração em geração.

Autora: Luciely Leite Pinto – 2° ano “C”

A Coroação de Nossa Senhora da Conceição


A Coroação de Nossa Senhora da Conceição
A festa que encanta o nosso povo, nossa gente



            Sem dúvidas, essa sempre foi e será a maior festa do nosso município. É a mais bela expressão religiosa e cultural de Porteiras, pois é nela que expressamos toda a fé e estímulo que sentimos por Nossa Senhora da Conceição.
            Todo ano, no mês de maio, acontece os novenários que são organizados pelos representantes das instituições públicas, empresas, comércios, escolas, sindicatos, líderes comunitários, etc., que em procissões, cânticos, vivas e fogos, conduzem a imagem pelas ruas da cidade até a Igreja Matriz, onde é rezada por todos a novena diária.
            No dia 31 do mês de maio ela é coroada pelas nossas crianças e adolescentes, que ano a ano fortalecem e perpetuam essa tradição que há 78 anos está inserida em nossas mentes e em nossos corações. Essa festa atrai anualmente multidões para frente da Igreja Matriz, que fraternalmente se reúnem a fim de prestigiar 20 crianças e adolescentes que cantam e encantam com os mais belos hinos de louvor e, no final coroam nossa querida Padroeira, a Virgem da Conceição.
            A primeira Coroação ocorreu no dia 31 de maio de 1934, na pequena capela, já que a Igreja Matriz só fora construída em 1958. Esse trabalho de organização da Coroação foi desenvolvido muitos anos pela professora Maria do Carmo Simplício de saudosa memória e a partir de 1964, passou a ser idealizado pela senhora Maria Marlene Pereira Dantas, até os dias atuais.
            A Coroação tornou-se a identidade cultural e religiosa de uma cidade que ao sopé do Araripe, emana alegria, amor, belezas e, principalmente a mais rica história, que se perpetua por meio de nossas memórias e nossas tradições.

            

Autora: Luciely Leite Pinto – 2° ano “C”

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Cidade Encantada de Porteiras = Paraíso mítico da natureza que encanta a nossa mente.


A Cidade Encantada de Porteiras = Paraíso mítico
da natureza que encanta a nossa mente.



            Você acredita em coisas míticas? Tipo esse sertão já foi mar? Ou ainda que existam locais que os caboquinhos (espíritos) dos índios aparecem para certas  pessoas? Esses e outros fatos são relatos que povoam o imaginário popular e que são tidos como cultura de uma comunidade. Se, é verdade, ninguém sabe, mas, o fato, é que ninguém não  pode dizer que é mentira, pois quem ousaria dizer que a História lendária de Roma  Antiga é mentira. O fato é que lendas, crendices, superstição, etc, são algo que estão relacionados aos homens e presentes na história da humanidade.
            Parece que ainda estou lá... É tanta beleza junta que faz a pessoa ficar parado, quietinho num canto, só observando e apreciando. As palavras somem, os olhos ficam extasiados, o coração dispara e a mente começa a projetar um mundo imaginário fantásticos de perguntas, de dúvidas, de experiências que fazem você tornar-se hora filosofo, hora historiador, geógrafo etc.
            Será que não teria existido ali, naquele local a presença humana? Algo como uma civilização indígena? Ou ainda será que esse espaço não foi no passado um oceano com arrecifes e corais? Não sei... Só sei que são tantas as perguntas que surgem na mente de quem observa que não da nem para explicar. Porém vou narrar o que vi e ouvi: O local fica a cerca de 10 km distante da cidade de Porteiras, no sitio Muquém. É uma área em pedra, um lajedo que se situa ao lado de uma estrada vicinal, protegido por uma mata. Bem próximo, encontra-se um solo bem coberto por pedregulho. São pedras pequenas de todos os tamanhos e cores que chegam a refletir na luz do sol. O espaço conhecido e chamado por moradores da comunidade como: Rua ou Cidade Encantada é uma formação rochosa tipo sedimentar que tem cerca de 40 metros de frente com 80 metros de comprimento, onde as rochas têm locações escuras e são dispostas como se fossem ruas na forma horizontal, separadas por vínculos retos que emergem do solo parecendo ruínas de um alicerce que foi soterrado pelo tempo. Cada rua tem os compartimentos pequenos que aparecem residências. Às vezes, esses resquícios têm formas de castelos, outras vezes, percebemos formas de pegadas de animais de porte grande. No local existe uma areia fininha e branca de um brilho incandescente que parece com as dunas que circundam as praias do litoral cearense. Além da vegetação típica da caatinga, o mandacaru, a famosa macambira com seus pendões floridos, as palmas rasteiras com seus frutos maduros e o xique-xique que ajudam a embelezar o lugar, ao mesmo tempo em que nos remete ao habitat do sertão.
            O fato é que esse local de beleza infinita guarda consigo algo de mítico, segundo os antigos moradores que há décadas moram nesse lugar. Trata-se de lendas tecidas pela imaginação das pessoas mais antigas que aqui viveram e que acabaram caindo no imaginário popular e virando historias da cultura local.
            Ainda em 2006, um grupo de adolescentes de Porteiras, coordenado pelo departamento de cultura, fez um trabalho de mapeamento das expressões culturais existentes no município e através de entrevistas a uma moradora do lugar a senhora Maria Ana de França de 67 anos na época que fez u relato ao grupo:
“Só os índios de primeiro era quem morava na cidade encantada. As primeiras pessoas que vieram morar aqui foi meu pai Joaquim Antonio Morais e meu tio Pedro Antonio de Morais. No local aparece os Caboquinhos. Agente não vê mais escuta os assobios delas.” (Mapeamento dos Exp. Culturais p.68)
            Também, hoje colhi de um morador do lugar, que guiou o nosso grupo até lá, o senhor Raimundo Edneudo Pereira de Assis,  conhecido por Duca de 38 anos, que nos falou:
Olha meninos, esse local é conhecido por todos os moradores daqui como Ruinhas encantadas. Ainda me lembro que meu pai nos trazia para o roçado aqui perto, e já trazia agente para vê essa beleza toda. Ele dizia que os mais velhos contavam que isso daqui tinha algo estranho, que era os caboquinhos e um carneiro de ouro que aparecia lá na estrada e quando chagava aqui se encantavam.”  
            O senhor Edneudo também relatou que já veio muita gente de fora, conhecer esse local, professores, estudantes de faculdades de Crato, Juazeiro do Norte, os jovens do REMOP (Retratores da Memória Porteirense). As pessoas chegam aqui e ficam assim admirados como vocês. Eu mesmo nunca vi essas coisas que se encantam não. Mais conheci um senhor metido a índio que andava por essas matas a procura de ervas que curam para vendê-las que afirma que esse lugar era sagrado, porque ali pertencia a uma tribo no passado. Dizia também que gostava de trazer “fumo de rolo” para os caboquinhos quando vinha para essa mata próxima á cidade encantada e que quando esquecia, só ouvia os uivados dos cachorros dele correndo dentro do mato, sendo açoitados pelas “caiporas”, nome dado os caboquinhos do mato.
            Conforme, percebemos, a cidade encantada é algo real com relação a forma rochosa, que existe lá no sitio muquém pra quem quiser vê-la, também é algo imaginário, local de lendas, crenças e superstição que permite  a mente  dos que lá viveram ou ainda vivem , formando assim, laços da cultura popular e que deve ser preservado pro toda comunidade porteirense para que possa ser conhecido pelas futuras gerações. 

  Aldejane Pereira da Silva – 2º ano “C”

Capela de Stº Agostinho: uma relíquia secular da historia religiosa de porteiras.


Capela de Stº Agostinho: uma relíquia secular da historia religiosa de Porteiras.



Sabe-se que a memória é a caixa forte da historia e que onde não há memória não existente história. Assim começamos a falar da origem dessa relíquia secular, usando os relatos dos antigos moradores e depois confrontarmos com o que temos de registros escritos para melhor chegarmos à veracidade do fato.
De inicio usamos o relato da senhora Maria Francisca da Silva de 76 anos de, que nasceu, se criou casou-se e viveu por muitos anos no sitio Barriguda, próximo ao sitio Saco e que hoje reside na cidade, Avenida António Liborio deste município de porteiras, esposa do senhor Chico Miúdo, ela nos diz:
O que eu sei... Começa assim. Eu era garota ainda e já ouvia mãe dizer que essa capela de Stº Agostinho, não era assim não. Era bem pequena. Tinha um rapaz velho que ganhou de seu Né Rosendo, um terreno para fazer uma casinha. Então ele construiu a casa ao lado ele construiu a capela tão pequena que só cabia o altar de Stº Agostinho. O nome dele era Agostinho Braz. Ai o seu Né Rosendo, vendo os cuidados dele com a capela, resolveu aumentar. Quando esse rapaz morreu, os moradores do Saco o sepultaram ao lado da capela. Com a morte do mesmo os cuidados da capela foram entregues ao senhor João Casemiro, também já falecido. Então, depois Dona Ranilda, filha de seu Quinco Neves, passou a tomar conta da capela.
            Em 2005, um grupo de jovens de Porteiras, coordenados pelo monitor de departamento de cultura, desenvolveram o trabalho de mapeamento das expressões culturais do município, onde no sitio saco escolheram o relato do senhor João Carlos da Silva, de 94 anos, apresentado e ele afirmou:
”Antes dessa capela tinha outra pequeninha, foi o finado Né Rosendo que fez em 1912. É que na capela tinha um buraco, ai ele passou e perguntou o que era aquilo, agente deu umas desculpas, ai ele apresentou alguns mestres, para reforçar a capela. O povo ficou tão contente, que todos nós trabalhávamos cantano e ninguém tinha preguiça. Havia duas vantagens, a primeira é que o povo gostava da reunião, a segunda é que tinha necessidade de uma capela. O próprio povo da região que ajudou a fazer.” (Mapeamento das expressões  culturais, 2005-p.66).
            Já nos informes escritos no folder: Roteiro Histórico de Porteiras, do jornalista Antônio Vicelmo, existe uma nota de que a referida capela foi construída no sítio Saco pelo coronel Né Rosendo.
            Também em uma palestra, proferida pelo historiador-mestre e doutorando, Cícero Joaquim dos Santos sobre o tema: Porteiras: História e Memória, em março de 2011, ao falar sobre a religiosidade no inicio da colonização de Porteiras, frisou que em 1912, quando ainda não tínhamos paróquia nem vigário, a religiosidade do município se dava em pequenas capelas, as famosas confrarias, que eram associações religiosas onde leigos se reuniam para realizarem o culto a um santo, existindo nessa época 2 no município, uma no sitio Saco.na capela de Stº Agostinho e o outra na sede a de Nossa Senhora da Conceição.
            Portanto, está mais do que comprovado de que temos no sitio Saco uma capela de origem secular que nos remonta  aos anos de 1912, quando a história de sua existência começa a existir e que isso é motivo de orgulho não só para os moradores da região, do sitio Saco, onde a capela  encontra-se construída, mas para todos os filhos de Porteiras que tem no seu solo uma relíquia secular de sua religiosidades e que juntos celebram os festejos dedicados ao Santo Padroeiro do Histórico Sitio Saco, Santo Agostinho.

COMO ERAM ANTES OS FESTEJOS DO SANTO?
Segundo os entrevistados que residiram ou residem no local, ou nas proximidades, no  inicio festa era maior, pois tinha o novenário no mês de agosto com a realização de quermesses, muitas barracas de comidas típicas, bancas de miudezas, os famosos leilões, onde era comum os namorados moços e os coronéis da região arrematarem prendas para ofertar as suas pretendentes, esposas ate os trabalhadores do seu engenho. A animação ficava por conta dos fogos de artifícios, do carrossel que divertida os jovens e crianças e ainda de um famoso cantor, conhecido como “Zé Biana”, que puxava o fole na sanfona, menino era uma animação só, assim nos falou Dona Maria Francisca da Silva e D. Ranilda Neves, mas segundo elas esse tempo ficou no passado, só restam saudades.
            Hoje ainda existe as novenas e no dia 28 de agosto que é Dia dedicado a Santo Agostinho acontece a missa celebrada pelo vigário da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, o Padre José Alves Sampaio e um pequeno leilão ou bingo. Segundo Dona Ranilda Neves que desenvolve um trabalho de catequese junto aos jovens e crianças do Sitio Saco já há alguns anos, nos jovens, a animação hoje é mais fraca e a participação do povo também. Mais no dia do santo, o 28 de agosto, o povão comparece, isso daqui fica lotado e posso lhes garantir que esta ainda é a maior festa que se tem no sitio Saco.   


Álife Diego - 3º ano "A"

Só existe na memória Porteiras dos verdes canaviais


Só existe na memória
Porteiras dos verdes canaviais


Você já imaginou viver em um local cercado por uma paisagem infinitamente verde, coberto por plantações de cana-de-açúcar? Já acordou respirando aquele cheiro de mel, ouvindo um som de uma sirene incessante cujo som se expande pelos vácuos da chapada? Prepare-se porque o texto que se segue trás as emoções de um viver que ficou na memória, mais que é parte da nossa história, porteiras é o seu palco.
Nos finais da década de 20 e também nos anos de 30,40e50, em tempos sofridos, onde o trabalho braçal era a arma de sobrevivência do homem e sua família, nos primórdios da colonização de nosso município, porteiras, foram chegando os fazendeiros, os famosos coronéis. Esses foram adquirindo terras, instalando suas fazendas e nelas foram plantando cana-de-açúcar. Isto porque o clima da chapada e o solo de massapé, muito contribuíram para o desenvolvimento dessa cultura. Ali, instalavam logo os engenhos. De inicio de pau e depois, com a vinda de técnicas modernas, adquiriram motores importando-os de paises estrangeiros, como o locomóvel do engenho do coronel Né Rosendo, do sitio saquinho, um Houston de 12 HP, comprado na Inglaterra por 12 contos de reis, em 1930.
Nessa época, outros engenhos foram construídos, ali mesmo, nos sítios Saquinho, Saco e Stº Antonio, todos de inicio de forma rudimentar, o famoso engenho de pau que depois foram transformados em engenhos de ferros. Em cada um desses engenhos e nos muitos outros espalhados pelo o município, eram empregados de 40 a 60 homens e a produção girava em torno de 30 a 50 cargas de rapadura por dia. Toda produção tinha destino certo, abastecer o comercio local e das cidades vizinhas.
Segundo os antigos moradores dos locais onde situava-se os engenhos a cima citados, as plantações de cana-de-açúcar era uma coisa monstruosa, era um verde que não acabava nunca, são palavras de Ranilda Tavares Neves, neta do coronel Né Rosendo, dono de um dos primeiros engenhos construídos no sitio Saquinho em 1930:
Até hoje me lembro de uma sirene que tocava de duas para as três horas da madrugada, chamando os trabalhadores para a lida, ao meio dia tocava novamente, era o descanso e ás cincos horas disparava para que estes voltassem para as suas casas.
Também o senhor Raimundo Soares, agricultor, aposentado de 88 anos, residente no sitio Saco e que também trabalhou no engenho do coronel Alboíno Miranda de 92 anos que ainda vive, nos afirmou:
Havia aqui espalhado por esse mundo de meu Deus, nas terras de porteiras uns 13 engenhos. Eu mesmo trabalhei nesse ali de seu Alboíno Miranda. Fiz de tudo, cortei cana, fui cambiteiro,  fornalheiro e caixeiro do mel de rapadura. Tempo bom, onde os meninos faziam a festa se deliciando com a garapa e as moças com o alfinim enrolado na cana. Mas, o bom mesmo desse tempo era os forrós no pé da serra, luz não havia só mesmo as lamparinas, mas havia respeito e todo mundo brincava de 6:00 da tarde as 6:00 da manhã do outro dia, pegava o sol com a mão, foi um tempo sofrido, mas que deixou saudades.
Já o seu Expedito Gabriel de 82 anos, agricultor ainda na ativa e residente no sitio Saco e que também trabalhou no engenho do saco do senhor Alboíno Miranda nos falou:
Eu comecei a trabalhar nesse engenho com 12 anos e ganhava dez tostões por dia. Nessa época trabalhava 40 homens e a produção diária era de 50 cargas de rapadura por dia. Era um tempo difícil.
A casa onde eu morava, era de taipa, tapada só ate meia parede, coberta de palha de carnaúba. Os móveis era tudo de couro, o baú, a cama, a mesa e os bancos, era de madeira. Estudo só pra rico que ia para as capitais, ou para as cidades grandes. A gente tinha que trabalhar ainda criança para ajudar os pais. Mais o bom desse tempo era o respeito que existia. Também já moço em 1956, lembro-me do 1º radio que seu Alboíno comprou. Foi um corre-corre dos diabos, todo mundo todo mundo correu pra vê e ouvir o radio. Também era de admirar, uma caixinha em cima de uma mesa, que contava fatos, cantava musicas e divertia aquele tantão de gente.
Pelos relatos dos antigos moradores entendemos que Porteiras já foi palco de um passado fundamentado na economia da cana-de-açúcar, fruto dos vastos engenhos localizados nos grandes latifúndios das fazendas dos coronéis da região. Passado esse que apesar de sofrido para aqueles menos favorecidos no caso os trabalhadores dos engenhos e seus familiares, pois garantia a sobrevivência dos mesmos, deixou marcas que vale a penas ser lembradas:
A sirene não toca mais, os meninos não estão mais lá, fazendo filas para tomar a garapa. O cheiro de mel desapareceu junto com o verde dos vastos canaviais que também não mais existem. Mas os engenhos, esses sim ainda estão lá. Porem de fogo morto, perdidos no abandono e na poeira do tempo. Só temos mesmo alguns moradores vivos para contar-nos a história.

Profª. Socorro Linard - História E.E.M. Aristarco Cardoso

Casa Secular - Uma Relíquia da História!


Casa Secular – Uma Relíquia da História
Memória de Porteiras


            Aproximadamente há 150 anos, esta é a idade de uma construção que segundo muitos moradores perdura por mais de um século, abrilhantando e contribuindo com a história do nosso município. Nós, alunos da E.E.M. Aristarco Cardoso, líderes do Projeto Imagem em Foco – Retratando as Belezas e perpetuando a Memória, estivemos lá e veja o que nos afirmou o Senhor João Rodrigues, antigo morador do lugar, também conhecido como João Bié:         

“Bem, essa é a casa mais antiga de Porteiras e foi construída na época do coronelismo, por um coronel chamado Hypólito Pinheiro. Este casarão traz muitas características da época colonial – o formato, as janelinhas estreitas, o tamanho da casa, os tijolos largos, seu estilo e, principalmente seu sótão, local que servia para o armazenamento de mantimentos para o consumo familiar.”

            O entrevistado que é filho natural de Porteiras, ainda afirmou no momento que desde pequeno ouvia seus pais dizerem que nesta residência morou muita gente, Franklin Pinheiro, Aristarco Cardoso e outros; e pelo que sabemos as famílias Pinheiro e Cardoso foram os pioneiros deste município, já que chegaram em 1848. Também ressaltou que sua família morou nessa casa por mais de 18 anos.
            Essa relíquia histórica encontra-se localizada nas Laranjeiras, no Sítio Santo Antônio e para agraciar ainda mais a beleza desse local, bem atrás da casa fica o Pontal de Santo Antônio, o ponto mais alto da Chapada do Araripe aqui em Porteiras e que se apresenta bem nítido nesse local, deixando no cenário o retrato de uma obra de arte, desenhada pelas mãos do Criador para nos presentear com a mais bela história que entranha-se por entre as construções e manifestações desse sopé de serra da Araripe Frondosa.
            Não seria hora de nosso povo, nossa gente lutar pela preservação e tombamento dessa grandiosa relíquia secular?

Autora: Luciely Leite Pinto – 2° ano “C”

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

"Cada geração tem, de sua cidade, a memória de acontecimentos que permanecem como pontos de demarcação em sua história".
Ecléia Bosi - Memória e Sociedade (pág.418)

Casa de Chico Chicote - Sítio Guaribas   -       Antigos casarões da rua José de Alencar        Estádio Municipal inaugurado no 06/07/2012                     


Relíquias da minha terra

Luciely Leite Pinto  -    2º ano "C"

Esta terra tem um hino que encanta nossa mente, sua letra conta a história de nosso povo, nossa gente, fala da Serra Gigante que é chamada de Chapada, com seus pontares enormes, seus vales e suas rochas e a floresta frondosa que aparece em toda orla.
Alunos Lideres do Projeto com Josafá Viana um
dos autor dos hinos do município.
Também destaca seu solo, as fontes de água doce que surge irrigando o chão, tornando-o próspero, fecundo e mata a sede de todos, pois tem um sabor sem igual a que vem da cachoeira.Ressalta ainda a história, dos tempos imperiais, onde se avistava o verde dos vastos canaviais e os engenhos moendo, tempo bom que ficou para traz.
Nesse solo onde nasci que é mostrado no hino, a canção oficial deste nosso município, tem história e a memória dos primeiros filhos da terra, famílias tradicionais que trouxeram a imagem de nossa eterna padroeira, a Virgem da Conceição.
E sabe como surgiu a nossa bela canção que cantamos com orgulho e enobrece o torrão? Primeiro de uma ação do nobre Josafá Viana que escreveu uma paródia, exigida numa gincana. Depois com dona Pinheira, esposa de seu Aristarco, aquele que foi o 1º prefeito dessa cidade, reformularam a letra, surgindo o hino de fato.
Esse lugar exaltado na letra do nosso hino, é Porteiras minha terra que amo e admiro, para mim é consagrada como a cidade querida. 

A esquerda letra do primeiro hino e a direita a letra atual do hino de Porteiras



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

E.E.M. Aristarco Cardoso


" A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida
da memória, mestra da vida".
Cícero -  Filósofo Grego