Comunidade Quilombola dos Souza
Um
paraíso a céu aberto de culturas – crença e tradição
Situada
no Sítio Vassourinha, a cerca de 12 km da sede do município de Porteiras, com
um número de 80 famílias, temos a Comunidade Quilombola dos Souza, formada
desde o ano de 1936 e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares, desde o ano
de 2005.
Deve-se
ressaltar que todo trabalho para mapeamento e reconhecimento dessa comunidade
remanescente de quilombos foi obra da Secretaria de Ação Social do Departamento
de Cultura, dos Retratores da Memória do Município de Porteiras e do GRUNEC
(Grupo de Valorização Negra do Cariri). Porém, foi através dos depoimentos,
fruto da memória dos membros mais antigos dessa comunidade que se construiu o
resgate da sua história. Foi, do papel dos mais velhos, (griôs) nas rodas de
conversa em passar seus ensinamentos aos mais novos é que os costumes, as
crenças e cultura vem se mantendo viva.
Tal
como foi reconhecida, essa gente ainda guarda consigo os traços de um cotidiano
de culturas, crenças e tradições que lhes são peculiares e lhes remete a
vivência de gente dos quilombos: a casa de taipa, alpendrada, o plantio em
volta da casa, a criação de animais, como a cabra, o porco, as galinhas. Também
conservam o moinho para moer o milho e fazer o pão na cuscuzeira, o fogão de
lenha com chaminé, o café torrado no caco, o pilão para pilar, o pote de barro
e o beiju de milho feito no tacho.
Também
tem em comum a crença mística nos santos, nas ervas, rezas e orixás; realizam
manifestações culturais de modo coletivo como a dança do côco que é dançada por
velhos, jovens e crianças, uma cultura que segundo eles é vivenciada há muitas
décadas, desde o tempo dos quilombos.
Devido
ao preconceito racial presente na maioria dos membros dessa comunidade na época
do mapeamento, onde muitos não se aceitavam como negros e também devido a falta
de informação, o trabalho dos agentes sociais foi sendo dificultado, pois havia
uma resistência dessas pessoas em aceitar que outras pessoas colhessem deles
informações. Mas, tudo isso foi quebrado devido às políticas públicas como a
igualdade racial trabalhada pelo município, entre muitas outras.
Hoje,
porém, tudo mudou a comunidade já conquistou muitas vitórias como: acesso à
terra, água encanada e um Centro de Convivência onde são assistidos em saúde,
educação e assistência social e cultural e programas do governo federal. E
ainda são felizes e sentem orgulho de sua cor e participam das atividades e
manifestações culturais tanto no município como em outras cidades.
É
bom saber que a nossa história tem a contribuição do negro e mais ainda que o
preconceito social dessa gente, foi quebrado e que os mesmo reconhecem a sua
verdadeira identidade sem medo de ser feliz.
Não
é difícil você encontrar, lá na comunidade, um descendente negro cantando esse
sambinha da professora Socorro Linard: “Oi,
oi, negro sô sim senhor / Minha raiz é de Angola / Mas um quilombola eu sou.”
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