O bate-papo
que pode render uns trocados
Para
quem mora ao lado da CE Porteiras – Brejo Santo, na Avenida Maria Gonçalves
Dantas até chegar o Posto do Seu Ermírio, não é difícil identificar o dia da
feira, pois logo cedinho às 6:00 horas da segunda-feira começa a se ouvir o
barulho dos trotes dos animais na pista que passa em direção do local do espaço
onde os mesmos são comercializados, em curral ao lado do posto do Seu Ermírio.
Alí
costumam-se encontrar os agricultores e agropecuários do município, bem como
negociantes ligados ao ramo da troca, compra e venda de animais, pois, segundo
os entrevistados: João Ancilon (75 anos), José Barbosa (75 anos), ambos de
Porteiras e Jose Petrolínio (77 anos) de Pernambuco, essa feira já existe há
mais de 5 décadas. É um local que já faz parte do cotidiano dos moradores e é
um ponto de encontro para o bate-papo e também um meio de se ganhar uns
trocados.
A
mesma já funcionou em vários locais. Primeiro foi no espaço onde hoje é a Praça
da Liberdade. Com a construção da praça ela foi transferida para a Avenida
Antônio Libório, mas os órgãos públicos da saúde preocupados com a saúde da
população afastaram o local para o espaço onde hoje é a Praça Luiz Caldas
Campos. Anos depois a praça foi construída e aí mudaram a feira para o final da
Avenida Maria Gonçalves Dantas, ao lado do posto do Seu Ermírio, onde se
encontra instalado um curral. Mas, provavelmente, o local logo logo será
empurrado para fora da cidade, pois a Avenida cresceu, encheu-se de casas e
cresce a cada dia mais. Um dos entrevistados, o senhor João Ancilon (75 anos),
morador do Sítio Cancela que desde o ano de 1982, ingressou nessa feira,
proferiu essas palavras:
“Essa feira para mim e todos que vivem disso
é algo importante, porque dá oportunidade de se ganhar uns trocados e é uma
terapia pana nós idosos, porque o bate-papo é bom demais. Era bom nós todos se
juntar e exigir das autoridades um local certo pra gente negociar em paz.”
Vemos
daí que não dá para mudar a ideologia que já domina a mente dessas pessoas.
Essa feira é algo que já entrou para a história, sempre existiu e existirá em
nosso município, até porque, segundo relato dos entrevistados ela faz parte do
cotidiano popular e da memória de nossa gente. Também, a lida com animais desse
porte está em nossas origens, são, portanto vivências e experiências que estão
ligadas a um passado histórico. Foi graças ao tropeiro, ao vaqueiro e aos
muitos currais de bois e mulas, instalados nas margens do Riacho Oitis que
surgiu o nosso povoado, de inicio Conceição do Cariri e depois Porteiras, nome
derivado das duas porteiras que davam acesso ao povoado: Porteiras de dentro e
Porteiras de fora; surgindo daí a nomeologia definitiva, Porteiras. Assim, o
bom mesmo era que esses negociantes tivessem o seu ponto certo, num local com
infra-estrutura onde pudessem se instalar definitivamente e perpetuar o negócio
que já virou tradição.
Autora: Maria
Joyce Vieira
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