Um lugar de encontros, ponto de
sobrevivência que já virou tradição
Nada melhor para caracterizar o
cenário típico das feiras nordestinas do que os versos da música Feira de Mangaio
que é cantada pela nossa saudosa Clara Nunes, que nos diz: “Fumo de rolo arreio de
cangalha/ Eu tenho pra vender, quem quer comprar/ Bolo de milho broa e cocada/ Eu
tenho pra vender, quem quer comprar/ Pé de moleque, alecrim, canela/ Moleque
sai daqui me deixa trabalhar/ E Zé saiu correndo pra feira de pássaros/ E foi
passo-voando pra todo lugar/ Tinha uma vendinha no canto da rua/ Onde o
mangaieiro ia se animar/ Tomar uma bicada com lambu assado/ E olhar pra Maria
do Joá.”
O universo das miudezas retratado na
letra desta música, retrata bem o que era a feira livre de décadas atrás no
município de Porteiras. Barracas cobertas, bancas estendidas com variedades
diversas, coloriam o espaço das ruas Joaquim Távora e José Soares no centro da
cidade. Aqui se tinha de tudo, de cereais vendidos a granel medidos na cuia de
oito ao litro de madeira, aos objetos de uso doméstico, como a panela de barro,
o pote, a moringa e o caco de forrar café e fazer o beiju. Tinha banca de
bolos, doces e comidas, também de enfeites dos cabelos e das flores para
enfeitar os santos nas renovações. Roupas, calçados, material para as lavouras,
frutas e verduras, etc., constituía o maior ponto de encontro do povo
porteirense antes realizado nos dias de sábado e depois nas segundas-feiras.
Segundo moradores antigos do
município, essa feira é uma das mais tradicionais do Cariri, pois atrai gente
de toda região do Cariri e é o ponto de encontro dos moradores da zona rural.
Nela tem gente que parece uma festa. Uns vem para comprar, outros vem para
vender, pois é uma forma de conseguir uns trocados para ajudar na sobrevivência
da família e outros que vem para passear, encontrar os amigos e se divertir nos
bares e restaurantes da cidade. Mas, segundo o senhor Zé Barbeiro, 77 anos,
natural de Porteiras, residente na rua Joaquim Távora, essa feira, não é mais a
mesma, as coisas mudam, se modernizam. Antes as pessoas vinham a pé e isso
daqui era cheio, começava às 6:00 hs da manhã e só terminava às 16:00 hs,
quando o povo voltava pra suas raízes. Hoje, os produtos são vendidos são
vendidos nos supermercados, mercearias, lojas. As bancas foram desaparecendo e
a feira agora se resume nessas bancas de roupas, calçados, frutas e verduras.
Mas, mesmo assim o povo ainda comparece em massa, pois já virou tradição a
realização desse evento que acontece há muitas gerações.
Por:
Francisca Jéssica “3° ano D”