Um registro histórico
da Historia Memória de Porteiras.
João
Miranda, agricultor, aposentado, 71 anos, nasceu em 27 de dezembro de 1940, na
região serrana, sopé da chapada do Araripe, no município de Porteiras,
residente à Avenida Mª Gonçalves Dantas, em frente a Praça da Liberdade. Homem
simples, fiel as suas origens, que se dedicou a escrever versos desde os 22
anos de idade.
Por
retratar as experiências do sertanejo, o imaginário e o cotidiano e, sobretudo
por valorizar as lembranças do tempo vivido e da memória dos cearenses,
principalmente dos porteirenses, referentes ao sec. XX, suas obras literárias
acabaram caindo no gosto popular e hoje, quando esse, demora algum tempo para
lançar um novo cordel, é cobrado pelo povo que diz: Oh! Seu Joãozinho, cadê o
versinho desse ano? Escreve ai pra gente. Nós já estamos com saudades.
É que as obras de seu Joãozinho destacam
aquilo que vai de encontro ao povo: relações familiares, as brincadeiras
coletivas da infância, antes tão valorizadas, as tradições religiosas, os
acontecimentos memoráveis e as estórias populares, que são relatos fortes da
memória dos filhos da terra que já se foram mais que vale apena serem
lembradas, pois fazer parte da nossa historia. Suas obras são verdadeiras
fontes de reflexão poéticas que nos fazem situar no nosso tempo histórico e
analisar o vinculo de pertencimento e os laços indenitários existentes entre o
homem passado e o homem presente. Eis a ração de buscarmos trazer suas obras
para o universo escolar, pois elas são ricas em conteúdos filosóficos,
históricos, geográficos e sociais do nosso universo porteirense.
Muitas
são as obras de seu Joãozinho, mas, não do GEAC (Grupo de Estudo do Aristarco
Cardoso), resolvemos mostrar essa:
Meu
pé de serra
Nunca me sai da lembrança
Os meus tempos de crianças
Lá no meu pé de serra
Sitio saco em porteiras
Não esqueço as
brincadeiras
Da infância em minha
terra.
Saia a meninada
Por aquelas matas fechadas
De baladeira e de besta
Contava historias de
trancoso
Daquele tempo gostoso
Só recordações me resta
Era tanta brincadeira
De galamarte, da bicheira
De cavalo de pau e de boi
Pegava passarinho de
gaiola
No terreiro jogava bola
Ah! Tempo bom que se foi.
(MIRANDA, 1988, p.6)